terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Pensamentos de Montesquieu

O estudo tem sido para mim o remédio soberano contra os desgostos da vida, e jamais tive tristeza de que uma hora de leitura não me tenha livrado.

Se eu soubesse de uma coisa útil para minha nação que fosse destruidora para outra, não a proporia ao meu príncipe, porque sou homem antes de ser francês, (ou então) porque sou necessariamente homem, e só sou francês por acaso.

Se eu soubesse de alguma coisa que me fosse útil e que fosse prejudicial à minha família, eu a expulsaria do meu espírito. Se soubesse de alguma coisa útil à minha família e que não o fosse à minha pátria, eu tentaria esquecê-la. Se eu soubesse de alguma coisa útil à minha pátria, e que fosse prejudicial à Europa, ou que fosse útil à Europa e prejudicial ao gênero humano, eu a consideraria um crime.

Eu dizia: “Não faço parte das vinte pessoas que conhecem essas ciências em Paris, nem das cinquenta mil que crêem conhecê-la”.

Acordo de manhã com uma alegria secreta; vejo a luz com uma espécie de arrebatamento. Todo o resto do dia fico contente.

Jamais vi correrem lágrimas sem me enternecer.

Perdoo facilmente, pela razão de que não sei odiar. Parece-me que o ódio é doloroso. Quando alguém quis se reconciliar comigo, senti minha vaidade lisonjeada e parei de ver como inimigo um homem que me prestava o serviço de me dar uma boa opinião de mim.

Quando se esperou que eu brilhasse numa conversa, jamais o fiz. Prefiro ter um homem de espírito a me apoiar do que muitos tolos a me aprovar.

Alguém me reprochou de ter mudado a seu respeito. Eu lhe disse: “Se é uma mudança para você, é uma revolução para mim”.

Retirei de uma seleção traduzida por Antonio Cicero. Ele explica que nas obras de Montesquieu não constam esses pensamentos, citando o próprio: "São idéias que não aprofundei" "e que guardo para sobre elas pensar quando surgir a ocasião". Menciona a seguinte referência bibliográfica: MONTESQUIEU, Charles-Louis de Secondat. "Mes pensées". In Oeuvres complètes. Vol.1. Org. p. Roger Caillois. Paris: Gallimard, 1949.

2 comentários:

Norival Leme Jr disse...

Acho que falamos sim, no balcão do Ó. Mas não esquenta, adoro ter revelações com esta, mesmo que daqui 15 dias leia e não concorde mais - pois os textos flertam comigo de modo diferente a cada dia. Acho que com todos...
Quem bom que gostou da quadrinha...rs. Inocente e verdadeira. Ótima tb esta sua última postagem.
Beijos

Anônimo disse...

qual é o livro, qual é o parágrafo...o qq eu disse?...rs