domingo, 31 de julho de 2022

Laje ou rooftop?

Dia desses, precisei escrever um contrato e a solicitação trazia muitos termos em inglês.


Tipo gift, no lugar de brinde, e backstage, em vez de bastidores. 


Sempre me pergunto quando foi que a gente ficou tão cafona. Quando passamos a achar que rooftop é chique e laje é precário? 


Outra coisa que sempre penso: a cachaça, como bebida, é MUITO superior à vodka. Mesmo assim,  o brasileiro usa os termos pinguço, cachaceiro, pejorativamente,  para se referir a todo aquele que exagera em bebidas alcoólicas, associando a descompostura sempre à pinga, como se as outras bebidas fossem mais "soft" e não causassem porre e ressaca.


Como se nossa deliciosa (e cobiçada internacionalmente) cachaça fosse de quinta categoria. Pinga e cachaça, para o brasileiro, trazem em sua conotação um recorte social e comportamental. Preconceito semântico.


Embora a história da cachaça seja controversa em relação à sua origem e invenção,  no geral,  o brasileiro gosta de desprezar seus bens e valores,  ao mesmo tempo em que enaltece e supervaloriza os dos  americanos e europeus, por mais que sejam podres.


Por exemplo, armar a população brasileira,  desconsiderando o seu nível de desigualdade social.  Não é difícil perceber que vai dar ruim. Mesmo assim, estamos tentando copiar o modelo americano (que inclusive dá errado lá). 


E tome fast food.


O hostoriador Luiz Felipe de Alencastro cunhou o  termo AMERICANALHAÇÃO, para falar deste processo no Brasil. Acho muito apropriado.