sábado, 10 de outubro de 2009

...

"Era dia comum
e virou festa.
A gente põe nas coisas
as cores que tem por dentro".

Por Antonio Marcos Noronha, rm 'Festa'

Sobre Manoel de Barros

"(...) Tem escritores, tem poetas, que escrevem para dizer como as coisas são. Tem outros que escrevem para inventar como elas poderiam ser, se tudo fosse mais encantado e, por isso, mais verdadeiro. Com esse amigo, Manoel de Barros, tenho aprendido a esperar flor florir, a olhar o mato e ver a festa, a conversar com lagartixa, a fazer peraltices com as palavras, a espiar vôo de passarinho até ver a cor do vento. Um dia, quem sabe, eu aprendo... eu só não, nós todos, a carregar água na peneira, a me apaixonar por moça que não existe. (...)"

Por Carlos Rodrigues Brandão

Poema de Fernado Pessoa

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar,
Sabe bem olhar p´ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P´ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Por Fernando Pessoa

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Doce, doce...melado!!!

AMAR TEUS OLHOS

Podia em teus olhos navegar
conjugar os verbos dar e receber.
Podia com teus olhos
escrever o verbo semear
e ser tua pele
a terra de nascer poema.

Podia com teus olhos escrever
a palavra além ou aqui
ou a palavra luar,
recolher-me em teus olhos de lua
só teus olhos amar.

Podia em teus olhos perder-me
não fossem, amor, teus olhos,
o tempo de achar-me.

Carlos Melo Santos, em "Lavra de Amor"