segunda-feira, 23 de julho de 2012
Rebeldia
O mundo eu não o amei, nem ele a mim;
Não bajulei seu ar vicioso, nem dobrei
Aos seus idólatras o joelho do sim. -
Meu rosto não abriu risos ao rei
Nem repetiu ecos; a turba, eu sei,
Não me inclui entre os seus. Vivi ao lado
Deles, porém sem ser da sua grei;
E à mortalha da sua mente atado
Estaria se não me houvesse precatado.
Por George Byron.
Tradução Augusto de Campos, em 'Byron e Keats: Entreversos.'
Não bajulei seu ar vicioso, nem dobrei
Aos seus idólatras o joelho do sim. -
Meu rosto não abriu risos ao rei
Nem repetiu ecos; a turba, eu sei,
Não me inclui entre os seus. Vivi ao lado
Deles, porém sem ser da sua grei;
E à mortalha da sua mente atado
Estaria se não me houvesse precatado.
Por George Byron.
Tradução Augusto de Campos, em 'Byron e Keats: Entreversos.'
quinta-feira, 12 de julho de 2012
A Prisão Dourada
Tenta fazer esta experiência, construindo um palácio.
Equipa-o com mármore, quadros, ouro, pássaros do paraíso, jardins suspensos,
todo o tipo de coisas... e entra lá para dentro. Bem, pode ser que nunca mais
desejasses sair daí. Talvez, de facto, nunca mais saisses de lá. Está lá tudo!
"Estou muito bem aqui sozinho!". Mas, de repente - uma ninharia! O
teu castelo é rodeado por muros, e é-te dito: 'Tudo isto é teu! Desfruta-o!
Apenas não podes sair daqui!". Então, acredita-me, nesse mesmo instante
quererás deixar esse teu paraíso e pular por cima do muro. Mais! Todo esse
luxo, toda essa plenitude, aumentará o teu sofrimento. Sentir-te-ás insultado
como resultado de todo esse luxo... Sim, apenas uma coisa te falta... um pouco
de liberdade.
Por Fiódor Dostoievski, em "Os efeitos da Libertação"
Por Fiódor Dostoievski, em "Os efeitos da Libertação"
terça-feira, 3 de julho de 2012
Dos adeuses...
Meus adeuses, deio-os todos. Mil partidas
me formaram desde a infância, devagar.
Mas volto outra vez e recomeço a lida:
a volta franca liberta meu olhar.
O que me resta é cuidar de o expandir,
e minha alegria sempre contumaz:
a de ter amado coisas quase iguais
a essas ausências que fazem agir.
Por Rainer Maria Rilke, em 'Poemas'
Tradução e Introdução de José Paulo Paes (!!!)
Companhia das Letras
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