sábado, 16 de abril de 2011

Chaves para um monólogo de dois

Caminhávamos escuros pela noite só
tendo à mão alguns versos que costuravam a boca
com um par de pontos em favor do silêncio
- Um jogo de palavras - a língua
se fazia um ninho de fios para emaranhar
as metáforas destes encontros noturnos
que terminavam em parques,
cujos nomes convertíamos em chaves
ou cruzes para marcar o mapa
de nossos desenganos.

Claves para un monólogo de dos

Caminábamos oscuros por la noche sola
de la mano de unos versos que cosían la boca
con un par de puntos a favor del silencio
- un juego de palabras -, la lengua
se hacía un nudo de hilo para enredar
las metáforas de esas citas nocturnas
que se llevaban a cabo en parques,
cuyos nombres convertíamos en claves
o cruces para marcar el mapa
de nuestros desaciertos.

Livre tradução, minha, do poema de Andrés Anwandter, extraído da coletânea Diecinueve (Poetas chilenos de los noventa), Editora J.C. Sáez

terça-feira, 5 de abril de 2011

Lar, doce lar


'A casa não pode estar nem muito em cima, nem muito embaixo. Deve ser solitária, mas não em excesso. Os vizinhos devem ser invisíveis. Não quero vê-los, nem ouvi-los. Deve ser original, mas não incômoda. Nem muito grande, nem muito pequena. Longe de tudo, mas perto da animação. Além disso, deve ser muito barata'.

Pablo Neruda, a uma amiga que lhe ajudaria na tarefa de encontrar uma casa, em Valparaíso. Tais requisições parecem ter referenciado sua terceira e última casa, em Santiago.

Texto: Guia 'O melhor de Santiago do Chile', Editora Abril
Fotos: Fábio Rodrigues