sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sobre forma, conteúdo e liberdade...

Quem interpreta, ao invés de simplesmente aceitar e classificar, é rotulado como aquele que, impotente, com mal orientada inteligência, entrega-se a finuras, implicando onde nada há para explicar. Ser um homem com os pés no chão ou ser um avoado: eis a alternativa. Mas basta deixar-se aterrorizar pela proibição de pensar além do que já se encontrava pensado para transigir com a falsa intenção de que homens e coisas nutrem de si mesmos.
(...)
Na alegria contra as formas tomadas como meramente acidentais o espírito científico aproxima-se do espírito teimosamente dogmático. A palavra disparada irresponsavelmente pretende provar a responsabilidade no assunto, e a reflexão sobre as coisas do espírito torna-se privilégio dos carentes do espírito.
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Arrancada da disciplina da acadêmica falta de liberdade, a própria liberdade espiritual perde a liberdade e se torna servil, indo ao encontro da necessidade socialmente pré-formada da clientela. (...) A verdadeira responsabilidade respeita não apenas autoridades e grêmios, como também a crise de que trata.
Por Theodor W. Adorno, em Sociologia.
Organizador: Gabriel Cohn

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