quarta-feira, 18 de junho de 2008

VINTE ANOS

Vozes instrutivas exiladas... A ingenuidade física amargamente domada... Adágio. Ah! o egoísmo infinito da adolescência, o otimismo estudioso: como o mundo se encheu de flores nesse verão! Árias e formas morrendo... Um coral, que acalme a impotência e a ausência! Um coral de copos, de melodias noturnas... Na verdade, nervos velozes saem à caça.
[...] Brincadeiras de pouco cuidado, tiques de orgulho pueril, o abatimento e o pavor. Mas tu te pões a trabalhar: todas as possibilidades harmônicas e arquiteturais vão se emocionar ao redor de tua cadeira. Seres perfeitos, imprevisíveis, vão se oferecer às tuas experiências. Em tuas imediações, fluirão em sonhos a curiosidade das antigas multitudes e luxos ociosos. Tua memória e teus sentidos serão o único alimento de teu impulso criativo. Quanto ao mundo, quando tu saíres, o que ele será? Em todo caso, nada dessas aparências atuais.
Arthur Rimbaud
Por Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, em 'Iluminuras'

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