sexta-feira, 20 de março de 2009

A literatura da libertação

Afinal, digam-me os senhores com suas luzes e sua experiência, onde está a verdade, a completa verdade? Qual a moral a extrair desta história por vezes salafrária e chula? Está a verdade naquilo que sucede todos os dias, nos quotidianos acontecimentos, na mesquinhez e chatice da vida da imensa maioria dos homens ou reside a verdade no sonho que nos é dado sonhar para fugir de nossa triste condição? Como se elevou o homem em sua caminhada pelo mundo: através do dia a dia de miséria e futricas, ou pelo livre sonho sem fronteiras nem limitações? Quem levou Vasco da Gama e Colombo ao convés das caravelas? Quem dirige as mãos dos sábios a mover as alavancas na partida dos esputiniques, criando novas estrelas e uma Lua nova no céu desse subúrbio universo? Onde está a verdade, respondam-me, por favor; na pequena realidade de cada um ou no sonho imenso humano? Quem a conduz pelo mundo a fora, iluminando o caminho do homem? O Meritíssimo Juiz ou o paupérrimo poeta?
Por Jorge Amado, em 'Os velhos marinheiros'.

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