quarta-feira, 10 de março de 2010

PERMANÊNCIA

Agora me lembra um, antes me lembrava outro.

Dia virá em que nenhum será lembrado.

Então no mesmo esquecimento se fundirão.
Mais uma vez a carne unida, e as bodas
cumprindo-se em si mesmas, como ontem e sempre.

Pois eterno é o amor que une e separa, e eterno o fim
(já começara, antes de ser), e somos eternos,
frágeis, nebulosos, tartamudos, frustrados: eternos.
E o esquecimento ainda é memória, e lagoas de sono
selam em seu negrume o que amamos e fomos um dia,
ou nunca fomos, e contudo arde em nós
à maneira da chama que dorme nos paus de lenha jogados no
...............................................................[galpão.

Por Carlos Drummond de Andrade, em 'Claro Enigma'.

Um comentário:

Paulo Sposati Ortiz disse...

"Cansei de ser moderno
Agora quero ser eterno"
(Drummond)

Aquele abraço,
Paulo
http://poenocine.blogspot.com/