sexta-feira, 24 de julho de 2009

DIZER: FAZER

DIZER: FAZER

Entre o que vejo e digo,
entre o que digo e calo,
entre o que calo e sonho,
entre o que eu sonho e o que esqueço,

a poesia

se desliza
Entre o sim e o não:
diz
o que calo,
cala,
o que digo,
sonha,
o que esqueço.
Não é um dizer:

é um fazer.

É um fazer
que é um dizer.
A poesia,
se diz e se ouve:

é real.

E apenas digo

é real,

se dissipa.

Assim é mais real?

2


Ideia palpável
palavra

intangível:

a poesia

vai e vem
entre o que é

e o que não é.

Tece reflexos
e os destece.

A poesia
semeia olhos na página,
Semeia palavras nos olhos.

Os olhos falam,

as palavras olham,

Os olhares pensam.

Ouvir

os pensamentos,
ver o que dizemos,
tocar
o corpo da ideia.
Os olhos
se fecham,

as palavras se abrem.

DECIR:HACER


1


Entre lo que veo y digo
,
entre lo que digo y callo,
entre lo que callo y sueño,

entre lo que sueño y olvido,

la poesía.

.......................Se desliza
entre el sí y el no:

.......................dice
lo que callo,
.......................calla
lo que digo,

.......................sueña
lo que olvido.

.......................No es un decir:
es un hacer.

....................... Es un hacer
que es un decir

.......................La poesía
se dice y se oye:

.......................Es real.
Y apenas digo

.......................es real,
se disipa.

.......................¿Así es más real?

2


Idea palpable,
.......................palabra
impalpable:
.......................a poesía
va y viene

.......................entre lo que es
y lo no que es.

.......................Teje reflejos
y los desteje.
....................... La poesía
siembra ojos en la página,

siembra palabras en los ojos.

Los ojos hablan,

.......................las palabras miran,
las miradas piensan.

.......................Oír
los pensamientos,
.......................ver
lo que decimos,
.......................tocar
el cuerpo de la idea.
.......................Los ojos
se cierran,

las palabras se abren.

Por Octavio Paz, en 'Arbol adentro' (Seix Barral - Biblioteca Breve, 1987)
Tradução livre, minha e do Fábio Rodrigues

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