quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Entre partir e ficar

Entre partir e ficar hesita o dia,
enamorado de sua transparência.

A tarde circular é uma baía:
em seu quieto vai e vem se move o mundo.

Tudo é visível e tudo é ilusório,
tudo está perto e tudo é intocável.

Os papéis, o livro, o vaso, o lápis
repousam à sombra de seus nomes.

Pulsar do tempo que em minha têmpora repete
a mesma e insistente sílaba de sangue.

A luz faz do muro indiferente
Um espectral teatro de reflexos.

No centro de um olho me descubro;
Não me vê, não me vejo em seu olhar.

Dissipa-se o instante. Sem mover-me,
eu permaneço e parto: sou uma pausa.

Octavio Paz
Por Antônio Moura

2 comentários:

Norival Leme Jr disse...

"A linguagem retorna naturalmente à poesia". O.P.

Ele é foda!

Veja, um blog de textos alheios necessariamente denuncia, no mínimo, uma boa leitora. Esta premícia não é necessariamente verdadeira num de textos próprios, ou seja, este não é, no mínimo, um bom escritor.

;)
bjo

Norival Leme Jr disse...

Num fala assim dos meus textos, posso levar a sério. Isso pode me causar problemas futuros quando eles forem lidos por alguém não tão generos@....rs
Mesmo assim, obrigado, adorei o comentário...kkk

Você posta todos os dias? Eu não tenho essa energia, aliás, preciso de pilhas novas, sabes quem tem para vender, emprestar, doar...?

Lerei os indicados, e mais alguns à sorte...
bjo